Neste sepulcro frio e mórbido
Ouço os corvos cantando em luto
Eles sentem o sabor de sua morte
Lamentam-se em seu leito eterno
A boca que um dia beijei,
Já não me é palpável ou ardente
Os carinhos que entreguei
Transformam-se em pó solúvel e perdem-se na quietude do vento
Seus negros olhos vazios, banham-se com o brilho da noite
Essa mesma noite que castiga-me
Levando toda ternura e paz existentes em meu peito
Retirando toda a cor que penetrava minha face
Sendo a morte assim tão dolorosa
Que venha ela descansar-me profundamente
Sou nada menos que um cadáver inexistente que perambula pela terra inerte
Sem rumo, sem vida, sem alma
Ó morte que reluta em chegar
Busque-me rápido
Com o crepúsculo vindouro
Quero abraçá-la novamente e acordar-te deste sono
Alivia-me desse sofrimento
Que dia após dia tortura-me em viver sozinho
Apodrecendo lentamente
Sem você, meu amor.